outra vez o senhor que assobia

O meu obrigada ao senhor que varre a rua de são joão por me pôr a sorrir mesmo com vontade logo de manhã!

"Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.Meus olhos andam cegos de te ver!" Florbela Espanca

Quem canta seus males espanta...e quem assobia?

Há um senhor que anda a varrer as ruas de Ponta Delgada, encontro-o sempre na rua do meu local de trabalho, zona bem central. Este senhor está sempre a assobiar, a varrer e a assobiar...mas não é um assobio baixo ou tímido, pelo contrário, é forte e impõe-se. Entoa, literalmente, toda a rua. De manhã, hora de almoço ou final do dia...o senhor assobia. Uma particularidade, este senhor cumprimenta as caras familiares com um amistoso "bom dia irmãzinha" ou "irmãozinho"...a mim também já me cumprimenta e não posso deixar de sorrir quando o faz! Desempenha a sua função com afinco e entusiasmo, com uma serenidade na expressão que consola quem repara...e certamente também terá os seus problemas...que será que ele procura espantar com o assobio? Que será que ele procura demosntrar? Outras melodias assobiadas ouvirei até que consiga concluir alguma coisa...

Lisboa num pacote de açucar

Ontem num castiço café em pleno centro de PDL estava a beber a bela da bica depois de almoço, qual combustível num carro na reserva...reparo no pacote de açúcar...um desenho de Lisboa, mais concretamente da Estação do Rossio. Aqui longe, achei o desenho, apenas composto por uns traços mal amanhados, muito bonito. Achei a sua simplicidade deliciosa, em conjunto com o pequeno texto alusivo ao hábito bem português que se tornou beber a bica, apanhei a essência da cidade de Lisboa. Cosmopolita, agitada, onde a tradição marca presença quando alguém chega a um balcão de café e diz: "era uma bica, se faz favor", "uma italiana, se faz favor". Bebe-se por tudo e por nada e é um pretexto tão bom como qualquer outro para sair de casa, para fazer uma pausa no trabalho, para estar com alguém, ou tão simplesmente para estar sentada numa mesa, ver pessoas a passar...Quanto à Estaçao do Rossio...tantas vezes que lá passei e dei por mim a pensar...que local este onde tanta gente de nacionalidades diversas se junta, ambiente até meio pesado...e ontem, em Ponta Delgada, a veia saudosista fez me achar deliciosamente lindo um rascunho da Estação do Rossio. Mais um dia na ilha...

Após uns dias de ausência no blog, fruto de dias agitados pela ilha, eis me de volta. Nem sei bem sobre que escrever, tenho a cabeça cheia. E ainda agora tive férias...As mudanças destes dias acalmam o espírito, dão certezas para pisar firme o caminho a construir. A serenidade de saber que fiz escolhas acertadas, retirei aprendizagens, conheci pessoas, vivi momentos...que só a ilha proporciona... carpe diem! Numa altura em que a saudade de tudo e todos começa a apertar o mesmo mar que me limita é o mar que me liberta e me põe a olhar para longe. Ás vezes o nevoeiro e as nuvens dão tréguas e quase que consigo ver, ouvir, cheirar, sentir tudo o que me é familiar e está lá bem longe. Em breve...perto.